A linha do amor
Nunca a sua linha do amor estivera tão bem direccionada. Naquele dia, o dia em que decidiu com quem ficava, optou por uma vida estável, sem grandes pressas nem grandes paixões. Optou por uma satisfação mínima na cama, por passar a conhecer melhor o seu próprio corpo na escuridão da noite. Optou por não andar a suspirar pelos cantos por algum homem, mas por passar a olhar para eles com muito mais pensamentos pecaminosos. Optou por uma casa na praia, outra de fim-de-semana, por juntar os filhos em grandes almoços e jogos de bola nas férias intermináveis. Escolheu noites com poucas conversas, a olhar para a televisão, por tostas com queijo e doce de abóbora partilhadas. Optou por não saber muito sobre ele, a não ser o essencial. Por querê-lo q.b.. Por se sentir protegida. Agora que olhava para as duas mãos, para as linhas da vida, do amor e da cabeça, via também que nunca, mesmo nunca, a do amor estivera tão marcada. Optara, então, pelo amor. Era isto o amor.
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