Casa de Espíritos

quarta-feira, novembro 29, 2006

Números

Nunca gostámos de ser tratados como números mas, na verdade, todos somos um; passou um certo número de anos desde que nascemos, até aí tinham passado alguns meses na nossa gestação, alguns minutos na concepção, anos de vida até sermos concebidos. Números, números, números. Todos somos um, mas o nosso número de telefone são 9. A amante e a mulher tinham, por coincidência, números muito parecidos. O de telefone, não o número que calçavam. Os cinco primeiros números eram iguais. Ao bisbilhotar o telemóvel dele, a mulher descobriu mensagens amorosas para o que lhe parecia o seu próprio número. Não se lembrava de as ter recebido. Mandou-as mais uma vez, para guardar com todo o amor, mas o telefone não tocou nem uma, nem duas. À terceira, desistiu. Apagou as três do arquivo e foi-se deitar. Não dormiu nem uma hora.