Casa de Espíritos

quinta-feira, agosto 23, 2007

Eu sabia!

De acordo com o jornal Público...

Falta de sexo dá mais trabalho
Miguel Conde Coutinho

Estudo alemão concluiu que os que mais trabalham são os que têm a vida sexual menos satisfatória.

A investigação da Universidade de Goettingen, na Alemanha, teve resultados surpreendentes. O objectivo era saber quais as razões que determinam a vontade de algumas pessoas para trabalhar mais do que o previsto e normal, e os investigadores concluiram que os que passam mais tempo no trabalho são os que menos sexo praticam.
Num universo de 32 mil indivíduos, 35% dos que declararam não estar satisfeitos com a vida sexual admitiram que usam o trabalho como diversão. Um terço das mulheres e homens insatisfeitos com o sexo assumiram que não se importariam de dedicar mais tempo ao trabalho e até de fazer mais horas e serviços extra.
O estilo de vida dedicado ao trabalho, diz o estudo divulgado pela Reuters, é ainda levado mais a sério entre os que afirmaram não ter de todo relações sexuais: quase metade destes homens (45%) e mulheres (46%) disseram que não se importariam de aceitar cargos com mais responsabilidades e com mais trabalho.

Até amanhã

A janela está aberta e o vento matinal entra no silêncio do quarto. Os cortinados mexem-se lentamente ao sabor da música do nosso sono. (Ontem, o ar que entrou no quarto não chegou para acabar com o calor).
Estás deitado de lado, de costas para mim, e toco-te devagar, com o dedo. Aproximo a minha cara das tuas costas, cheiro-te, e o meu coração dispara. Ainda há pouco estavas molhado, transpirado, e agora dormes como uma criança.
Beijo-te uma vez, os meus lábios sentem a tua pele ainda doce.
No jarro ao lado da cama, as flores estremecem, como o meu colo estremece ao se lembrar de ti, e uma rajada de brisa quente não areja o quarto.
Cheiro-te melhor, o meu braço serpenteia pelas costas, pelo teu ombro, pelas axilas de cheiro acre, e sossega contra o teu peito. Agora é a mão, a cabeça dessa cobra inquieta, que não consegue parar. Sente os teus pelos, os mamilos, as costelas e o umbigo. Toco-te mais abaixo, de lado, e sinto-te num arrepio. Suspiras, e eu suspiro também. Viras-te para mim e estamos os dois iguais, reflexos um do outro: o cabelo curto despenteado, os braços fortes e arrepiados. O lençol ainda nos cobre mais abaixo, mas imaginamos o que nos espreita. Beijas-me com paixão. A boca, a língua, o pescoço, a nuca despida. Pegas-me no braço e viras-me. Agora sou eu que estou de costas para ti. Apertas-me o peito liso, e tocas-me com força no meu sexo hirto. Sinto o teu pé por baixo do meu, os dedos a marcar o ritmo do nosso desejo. Amo-te de verdade, como nunca amei outro homem. (Pelo menos até amanhã.)
Uma rajada de vento entra pelos cortinados, que batem na jarra. As flores despedaçam-se no chão.

terça-feira, agosto 21, 2007

Samba e amor

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã

De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar

No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?

Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Chico Buarque

quarta-feira, agosto 08, 2007

O tempo em que os Gun's me deixavam colada ao telefone

"Escuta só esta, escuta só. É para ti", dizia ele do outro lado da linha, no tempo em que os telefones eram telefones e não telemóveis. E começava:

"Shed a tear 'cause I'm missing you
I'm still alright to smile
Girl, I think about you every day now
Was a time when I wasn't sure
But you set my mind at ease
There is no doubt you're in my heart now
Said woman take it slow
It'll work itself out fine
All we need is just a little patience
Said sugar make it slow
And we'll come together fine
All we need is just a little patience
Patience...Ooh, oh, yeah
(...)
Said woman take it slow
Things will be just fine
You and I'll just use a little patience
Said sugar take the time'Cause the lights are shining bright
You and I've got what it takes to make it
We won't fake it, Oh never break it'Cause I can't take it...little patience, mm yeah, ooh yeah, Need a little patience, yeah
Just a little patience, yeah
Some more patience, yeah
I've been walking these streets at night
Just trying to get it right
It's hard to see with so many around
You know I don't like being stuck in a crowd
And the streets don't change but maybe the nameI ain't got time for the game'
Cause I need you
Yeah, yeah well I need you
Oh, I need you
Whoa, I need you
Ooh, this ti- me...."

"Então? Não gostaste?", perguntava. Nessa altura, eu, corada, de lágrimas nos olhos, respondia de voz firme (e controlada): "tens de melhorar aquela última parte do... do... Yeah yeah". (Na verdade, estava completamente deterretida...) E ele respondia: "Eu toco outra vez para ti. Espera, agora ao piano. Estás aí. não estás? Não desligues!". E eu ria-me e preparava-me para pelo menos meia hora colada ao telefone, sentada no chão do hall da casa dos meus pais. Tinha 16 anos. O meu primeiro amor cantava-me com Gun's.